
Aquela moça sempre me encarava, eu não sabia o porque daquela perseguição com o olhar, mas sabia que estava sendo constantemente seguido por aqueles lindos olhos azuis.
Nunca tive coragem de encara-la por muito tempo, porque, uma energia estranha parecia percorre meu corpo...
Eu estudava a noite na época...
O primeiro, contato que tive com ela, foi em um dia de provão...
Eu estava ciente de que haveria lápis para comprar pelas redondezas, mas dei de cara contra a parede, o lugar que eu achava que estaria aberto, estava fechado, e o único lugar que poderia ter, estava com o produto em falta.
Quando estava saindo da lojinha, dei de cara com a garota dos olhos azuis, então a abordei no meio da rua e perguntei.
__Desculpe te incomodar, mas você sabe, onde vende lápis?
__Não há nessa lojinha?__ela me respondeu com outra pergunta.
Encarei pela primeira vez, sem medo, os olhos dela, como estava mais próxima dela, não senti aquele arrepio estranho...
__Não, eu já entrei ai... e acabou o lápis.
Ela me encarou pela primeira vez, mas não disse nada, ela entrou direto no estabelecimento, pensei que ela estive-se ignorado o que eu disse, então segui rumo a entrada do colégio, de repente me deparei com a voz dela me chamando, ela fingiu que não sabia meu nome, mas eu tinha certeza de que ela o sabia.
__Garoto, garoto!__gritava ela.
Parei e esperei ela se aproximar de mim.
__Por que você foi embora?__perguntou ela.
__Oras, você não disse mais nada, e entrou na loja... pensei que você estava me ignorando.
Ela sorriu, por de trás daqueles lábios rubros, dentes de um branco perolado se exibiu. Fiquei deslumbrado com aquele sorriso, pois a garota a minha frente, raramente fazia a ação de esboçar um sorriso.
__Por que você sorriu?__percebendo a pergunta que deixei escapar de minha boca, tentei remendar__ Quer dizer, você não estava me ignorando?
Ela continuou sorrindo e respondeu. Aliás, ela respondeu as duas perguntas a proposital e a acidental.
__Primeiro: eu estou sorrindo por você ser uma pessoa muito simpática, e ao mesmo tempo atrapalhada com as palavras. Segundo: eu fui verificar se ele realmente estava falando a verdade, e acredite, ele estava falando a verdade sim. E terceiro e ultimo: eu nunca iria te ignorar.
Ela falou o terceiro com tanta paixão, que cheguei a me arrepiar...
Ela que tinha apenas um lápis, o quebrou no meio, dividindo em duas partes iguais, uma parte ficou com ela, e a outra ela entregou a mim...
Ficamos conversando por um bom tempo antes que a prova iniciasse, descobri que além
de linda, ela era muito inteligente. Não descrevi suas características ainda, então vou descreve-las.
Ela tinha os olhos azuis, sei que já foi citado, mas o azul de seus olhos, era como se estivesse olhando para o céu, cheio de estrelas.
A sim, seu nome era Camilla.
Seus cabelos eram negros como a mais profunda escuridão da noite.
Sua pele, era branca, pálida.
Seus lábios, rubros feito sangue.
Os traços de seu rosto de um contorno delicado, quase angelical.
Ela sempre usava negro... roupas góticas; já se era possível perceber o que ela era pela roupa, mas conversando com ela, eu pude tirar minha duvidas, e chegar a conclusões melhores a seu respeito.
__...sim, o vampirismo é a essência, é uma fuga para nossas almas perturbadas. Nos temos toda aquela ilusão... aquele desejo de sermos imortais, que acabamos colocando tudo isso em forma de entidades, de personagens criados a partir dessa vontade avassaladora.__dizia ela, em uma conversa de rodinha de amigos, que no qual, eu estava incluído.
Fizemos a prova, e o irônico foi que eu fiquei na mesma sala que ela, e praticamente ao seu lado. As matérias mais difíceis, pareceram fáceis para mim, seria a sintonia entre nos dois?
Quando cheguei em casa, eu não queria mais nada além da minha cama. Tive sonhos estranhos, horríveis, e eróticos, o pior é que foi com a minha nova amiga Camilla.
No outro dia, quando cheguei no colégio, recebi a noticia de que o dono da loja que eu entrei na noite passada, tinha sido atacado por algum animal, que no qual o matou.
Não vi minha nova amiga misteriosa naquela noite, mas em compensação não conseguia tira-la de minha mente, por dois motivos, a deliciosa conversa entre amigos, e os estranhos sonhos da noite passada.
As semanas foram se passando, e senti falta da presença de Camilla. E minha namora, Michele, já estava se preocupando com o meu estado, ela percebeu que eu sempre esperava alguém chegar, mas ela não sabia quem... Se ela soubesse...
Sempre que ela me perguntava o que estava havendo, eu respondia que nada... Mas ela continuou preocupada, e desconfiada de mim.
Espero que este relato de diário, nunca chegue a mãos erradas, as mãos de minha amada namorada, mas tenho que desabafar. Relatar esse acontecimento sinistro, e ao mesmo tempo erótico de minha vida.
Estava só no vestiário, apenas enrolado a uma tolha branca, da cintura para baixo, e de frente ao espelho, que meio embaçado estava, passei a mão no vidro para desembuça-lo, continuei a me apreciar nele.
Estava olhando para o espelho, quando senti uma mão delicada e gelada percorrer meu ombro nu e úmido. Seguido de uma voz doce e feminina que reconheci.
__Que ombros fortes, você tem.__eu sabia que aquela voz era de Camilla, mas a coisa mais assustadora não foi nem o que ela me disse... quer dizer, também, mas eu não podia
ver seu reflexo no espelho, a minha frente, e também não podia sentir sua respiração próxima a mim.
Vi suas mãos brancas percorrerem o meu braço, aquele esmalte preto...
Não me virei bruscamente como queria; por que não tinha pleno controle de meu ser. Ela passava a língua em minha nuca, minha mente não queria aquilo, mas meu corpo sim. Meu
corpo queimava de desejo pelo mais profano toque daquelas delicadas e frias mãos...
Eu sabia, de alguma forma eu sabia o que minha amiga era... uma vampira...
__Cláudio!__ela exclamou, alto meu nome.__finalmente eu consegui possui-lo, finalmente depois de tantas tentativas de sedução, que não deram certo... sua mente é impenetrável. Mas agora descobri o porque.
Com a voz fraca eu perguntei.
__Por que, explique-me.
Ela me soltou, e me virou bruscamente para ela. Frente-a-frente ela explicou ajoelhada aos meus pés.
__É porque, você me ama da mesma forma que eu o amo.
Agora eu podia ver seus caninos pontiagudos, e a paixão que queimava em seus olhos, estava mais nítida do que nunca.
__Eu não gosto, eu não posso gostar de um ser...
__Mas você gosta, Cláudio. Eu sinto, agora que posso toca-lo.
Ela colocou suas mãos cadavéricas, sobre meu peito, e sentiu a intensidade do bater de meu coração.
Quando ela olhou nos meus olhos, eu desviei o olhar, para os seus lábios vermelhos como sangue, e numa única sintonia, lentamente nossos lábios foram aproximando-se.
Aquele beijo foi sinistro, a língua dela era gelada, os lábios nem se fala... Quando dei por mim, os lábios dela, já estavam percorrendo todo meu corpo.
Agora nós dois éramos um só, um só corpo ardendo de desejo. E foi nesse momento que fiz meu pedido.
__Torne-me imortal, minha amada vampira... amiga e amante.
Olhando no fundo de meus olhos cor de folha-seca, ela perguntou.
__Você tem certeza? Uma mordida... quero dizer, uma vez que eu te der o beijo-mortal, você nunca mais será o mesmo.
__Torne-me imortal, assim, jamais nos separaremos...
Ela analisou bem o local do beijo, para me distrair da dor que eu sentiria logo em seguida, ela lambeu meu pescoço, para me distrair, e sem seguida cravar seus dentes majestosos, em minha jugular. Meu corpo tremia em seus braços, que me segurava com firmeza...
Vi minha vida, passar toda diante de meus olhos, como se fosse um vídeo caseiro... a dor foi tão intensa, que acabou se tornando em prazer absoluto no final.
Acordei dias depois.
Vi-me coberto da cabeça aos pés, quando tirei o lençol de cima de mim, o joguei no chão...
Quando me levantei, me senti fraco, e o meu único desejo era de sangue, agora olhando
melhor a escuridão ao meu redor, pude ver que aquele lugar não era o meu quarto, não era o
colégio, deduzi logo que aquilo era um necrotério.
Pensei bem naquele raciocínio maluco, eu cataléptico, ou Camilla tinha me tornado um vampiro como ela.
Vi vários corpos ao meu lado, foi olhando para eles, que me toquei, que eu podia enxergar
no escuro. Eu não estava assustado, pelo contrario, sentia-me glorioso.
Quando meus pés enfim tocaram o chão, minhas pernas fraquejaram, cai no chão e acabei derrubando os materiais cirúrgicos que se encontravam ao meu lado.
O vigia do necrotério entrou iluminando o ambiente com sua lanterna. Escondi-me atrás da porta, quando ele se abaixou para examinar melhor o meu estrago, eu o ataquei, mas antes de degustar de seu sangue, eu o matei, quebrei o seu pescoço e bebi seu sangue.
Antes de quebrar seu pescoço, ele se debateu um pouco, mas fez muito barulho chamando a atenção dos outros seguranças. Uma luz iluminou meu rosto, de minha boca escorria um filete de sangue do homem morto, os seguranças aterrorizados com a cena, atiraram em mim...
Eu corri até a janela, quebrei o vidro e me joguei do décimo primeiro andar do hospital. Cai ajoelhado, descobri que estava ajoelhado diante de alguém, quando olhei para cima, vi o rosto angelical de minha amada, Camilla, que me fitava com seus olhos azuis cor do céu, e sorria para mim, exibindo atrás daqueles lábios rubros, seus dentes brancos cintilantes com caninos afilados.
Peguei sua mão, agora igualmente frias, ela me levantou...
__Seja bem vindo, a sua nova vida sem fim, meu amado Cláudio.__disse ela, com a mesma doçura de sempre na voz.
Encarando-a nos olhos, eu perguntei.
__Como posso agradece-la, minha amada Camilla?
Nossos lábios estavam próximos, então ela respondeu.
__Beije-me!
Aquele beijo foi intenso, o gosto do sangue que estava em minha boca, deixou ele melhor...
Agora, eu sou quem desperta paixões proibidas nas pessoas...
Aquele rapaz sempre me encarava, eu não sabia o porque daquela perseguição com o olhar, mas sabia que estava sendo constantemente seguida, por aqueles olhos cor de folha...
Nenhum comentário:
Postar um comentário