sábado, 16 de janeiro de 2010

Recém Chegados


Um Landau 1980 preto, deslizava pela pista molhada, na via principal, seguindo rumo a entrada da cidade de Trinnity.
__Já estamos na via principal, só mais alguns quilômetros e chegaremos.__disse a moça branca de longos cabelos negros, que tinha uma franja a cair nos olhos cor de turquesa.
O homem negro, que guiava o carro disse olhando para ela, por cima dos óculos escuros.
__Sim, nós já estamos chegando. Sinto que você está ansiosa.
Sem olhar para Mike, Ramona sorriu, e pegou uma pistola dentro do porta luvas do carro. Ela começou a verificar a arma, para ver se estava tudo nos conformes.
__Você acha mesmo que essa cidade é amaldiçoada, como dizem?__perguntou Mike, com o olhar fixado no retrovisor.
Ramona levantou os olhos da arma, e olhou para o retrovisor, como Mike havia feito. E vendo a pista molhada, e a placa de “bem vindo à cidade de Trinnity, população 167.626.009”, ela respondeu.
__A primeira vista não, mas ainda estamos na entrada da cidade. O centro é que deve ser mais imundo, infestado de sanguessugas.
Após dizer isso, ela destravou sua pistola, e mirou para o lado de fora do carro. Quando Mike viu aquela cena, ele disse, pacificamente.
__Ramona, é melhor você não chamar tanta atenção.
Ramona riu e colocou a pistola de volta no porta luvas.
__Você tem medo que tentem nos queimar vivos, como na penúltima cidade em que passamos?
__Não, senhora adrenalina a mil! Eu apenas quero preservar a minha cabeça, acima dos ombros.
Ramona não disse nada, ela apenas colocou seus óculos escuros e apontou um local para Mike.

Mike estacionou o carro, em frente a um barzinho de beira de estrada, onde ele parou para pedir informação, sobre onde ficava a paróquia de padre Thomas.
Ramona foi quem saiu do carro, para perguntar, e aproveitar para comprar umas cervejas para os dois.
O dono do bar, que era uma figura de aparência e modos asquerosos, respondeu que ficava no centro da cidade. Após responder, ele cuspiu o fumo que mascava, e deu uma boa olhada na jovem a sua frente.
Ramona era uma bela moça, um e setenta de altura, uns cinquenta e tantos quilos, muito bem distribuídos, longos cabelos negros e lisos, e sua pele parecia ser de porcelana de tão branca, isso lhe dava um ar meio tétrico, mas era o realce de sua beleza.
Ela tirou um isqueiro e um maço de cigarros de dentro do bolso, da jaqueta de couro preta que usava, e após acender e dar uma boa tragada no cigarro, ela pediu uma caixa de cervejas para o homem, que se levantou.
Depois de cuspir mais uma vez, ele perguntou.
__O que uma moça, como você, que podia está cuidando de filhos e marido, está fazendo em uma cidade maldita, como essa?
Ramona olhou na direção do carro, abaixou os óculos até o centro do nariz, e respondeu com presa e arrogância, se voltando para o homem.
__Não é da sua conta. E onde estão as minhas cervejas.
O homem foi para trás do balcão, e colocou um engradado de cerveja na frente da moça, que apenas pegou as garrafas, e colocou uma nota de valor alto, no lugar da caixa, e se retirou do estabelecimento.
De repente ela parou se voltou para o homem e perguntou:
__Onde fica o banheiro? Se é que há algum nesse lugar.
Ele cuspiu mais uma vez, e respondeu apenas apontando uma porta, com seu polegar imundo.
Ela voltou para o estabelecimento, deixou o engradado de volta no balcão, e entrou no banheiro. Aquele banheiro era nojento...

Mike mudava de estação de radio, a procura de alguma com algo interessante passando, mas infelizmente nada. Ele já estava começando a estranhar a demora da parceira, então ele resolveu ir até lá.
Quando o homem saiu, a sua altura foi revelada, ele era um homem negro, como já se foi citado, quase um e noventa de altura, e oitenta e oito quilos, muito bem distribuídos entres seus fartos músculos, escondidos pela pesada roupa de couro negra que ele usava.

Ele tirou os óculos, dobrou as pernas, e os guardou em seu bolso, em seguida alisou seu cavanhaque, muito bem feito...
O dono do bar, achava que Ramona estava só. Então ele resolveu espiar pelo o buraco da fechadura, da porta do banheiro, que Ramona estava.
Vendo aquela cena grotesca, Mike, não pensou duas vezes. Ele pegou o homem pelo colarinho e o jogou longe, Mike o jogou com tanta força, que a mesa que o homem caiu por cima se quebrou. Ramona ouvindo aquele escarcéu, abriu a porta do banheiro já com suas pistolas engatilhadas em mãos.
Quando ela viu o homem caído no chão, e Mike com seu revolver direcionado pra cabeça do cara, ela perguntou.
__O que ouve?
__Esse filho da mãe, estava te espionando.__respondeu Mike, enfurecido.
Ramona guardou suas armas, se aproximou do balcão calmamente, pegou o engradado e disse.
__Obrigada, por sempre ser atencioso comigo, Mike. Mas ele não ia ver nada, porque esse banheiro, pelo o amor...

Ramona carregou as cervejas para o carro, e Mike, antes de seguir o mesmo rumo, deu um chute bem nas costelas do homem, que se contorceu todo de dor.

***

A detetive Christine Dark, da homicídios de Trinnity. Estava muito envolvido com o caso “vampiro”, então foi por essas e outras, que ela foi afastada de seu cargo.
Agora ela estava de corpo e alma, integrada em seu trabalho, quer dizer, em seu destino de ser, a caçadora de vampiros imortal.
Ela já havia vencido o obstáculo maior, que era Alex, aquele que lhe deu a sua herança genética vampiristica, o seu pai...

A noite já havia caído, e Christine estava no encalce de um vampiro, que ela estava de olho a algumas semanas...
O vampiro desesperado, correu até a rua, onde um Landau 1980 preto, que passava o atropelou...

Mike freou o carro com estrema violência, fazendo o pneu marcar o asfalto. Ramona que estava sem cinto de segurança, bateu a cabeça no painel a sua frente, mas não foi nada muito sério.
Christine saiu do meio da penumbra de um beco qualquer. E descarregou as suas duas armas empunhadas, na criatura que no qual ela estava perseguindo, ela gritou para os donos do Landau preto.
__Se abaixem!!!

Ramona colocou a mão na testa, para verificar se estava sangrando, mas não, tinha apenas sido uma leve pancada.
Mike não entendia o que estava acontecendo, e muito menos Ramona, que tomou, como sempre, uma radical decisão repentina.
Ela abriu a porta do carro, e rolou no asfalto, agora apenas úmido, e mirou suas duas calibre 38, na cabeça de Christine, que se encontrava agora encima do teto do carro.

Quando as balas do revolver da desconhecida, que estava encima do carro, atingiram a criatura que eles tinham atropelado, Mike viu que ela virara pó.

Ramona e Christine, agora se encaravam com fúria. Mike, que sabia o quão temperamental era sua amiga, resolveu intervir, antes que uma tragédia de verdade se abatesse sobre eles.
Antes de sair do carro, ele empunhou uma doze. Quando saiu, Mike viu que a desconhecida estava encima de seu carro, apontando suas armas para a sua amiga, que estava deitada no chão. Não vendo outra alternativa, ele apontou a arma na direção da moça, e disse.
__Abaixa essa arma, branquela.
Não tirando os olhos de Ramona, Christine disse.
__Abaixem vocês as suas. Pois eu apenas estava cumprindo com o meu dever, que não tem nada a ver com vocês.
Ramona se levantou, mas continuo com uma arma apontada para a cabeça de Christine, que agora já tinha abaixado as suas.
Mike também abaixou a sua doze, ele confiou na desconhecida, mas Ramona não.
__E qual seria o seu dever?__perguntou Ramona, séria.
Christine saltou de cima do carro, e respondeu batendo a poeira de seu uniforme de caçada.
__Você não entenderia. E abaixe essa arma, por favor. Eu não quero usar força bruta, contra uma mortal.
Ouvindo essas palavras, a moça destravou suas armas, e perguntou.
__Como assim mortal? Pó acaso você é, uma sanguessuga? Uma maldita vampira!
Christine sorriu diante dessas palavras, e respondeu.
__Sim e não. Agora abaixe essas armas, antes que eu tenha que usar força bruta contra você. E eu sei que você não querer ver esse seu rostinho de boneca de porcelana, marcado.
Ramona estava prestes a apertar o gatilho, e mandar uma bala entre os olhos da estranha, quando de repente Christine, com muita agilidade e rapidez, chutou as mãos de Ramona, assim fazendo as armas caírem no chão, e com mais agilidade ainda, ela imobilizou a moça, prendendo os braços dela para trás, e a deitando no chão.
Mike tentou proteger a amigar apontando sua doze na estranha, mas Christine já estava com a arma apontada para a cabeça dele.

***

__Agora me digam quem são vocês, e o que estão fazendo nessa cidade, armados dessa forma?__perguntou Christine, verificando o porta malas do carro deles.
Mike foi quem respondeu primeiro.
__Nós somos irmão, e estamos à procura da paróquia do padre Thomas.
Christine os olhou de forma interrogava. Ramona irritada disse, percebendo que a desconhecida achará estranho o fato deles serem irmãos. Pois ela era tão branca, e ele tão negro.
__O que foi? Nós não somos irmãos de verdade. É que nós fomos criados no mesmo orfanato.
__Mas eu não disse nada.__respondeu Christine confusa.__Apenas estou estranhando o fato de vocês estarem procurando pelo padre Thomas. Por acaso, vocês dois também são caçadores?
__Depende de que tipo de caçadores você se refere.__disse Mike, com indiferença.
__De vampiros!__exclamou Christine, após bater a porta, do porta malas do carro.
__Sim!__respondeu Ramona, ríspida.__E você, senhorita...
Entregando as armas para eles, ela respondeu.
__Sou Christine! Christine Darck.
Ambos ficaram boquiabertos com a resposta da moça.
Ramona franziu a testa, e examinou Christine da cabeça aos pés com o olhar, e perguntou incrédula.
__Você!? É “A caçadora”?
Christine apenas afirmou com um aceno positivo de cabeça.

***

Christine foi ensinando o caminho até a igreja para eles.
__Vocês estavam perdidos, não?__pergunta Christine, depois de algum tempo sentada no lugar pertencente a Ramona, no carro.
Mike ia responder, mas Ramona que estava sentada no banco de trás, responde com hostilidade.
__Não! Nós não estávamos perdidos. Nós dois nunca nos perdemos.
Christine dá uma breve risada, balança a cabeça, e se cala.
__Ramona, é melhor você não começar.__alertou Mike, que olhou para Christine e disse.__Desculpe minha amiga, Caçadora, é que ela é um pouco temperamental às vezes.
Christine olhou para o rosto de Ramona, pelo retrovisor, e perguntou para si mesma.
__Às vezes, será?

O Landau preto 1980, estacionou em frente a uma catedral, onde Christine lhes disse ser a paróquia de padre Thomas.
Christine entrou na igreja andando na frente, enquanto que os dois irmãos, a seguia.
Ramona deu uma cotovelada em Mike, quando percebeu que ele olhava, de uma forma indecente para a mulher à frente deles.
__Para de olhar pra bunda dessa, vadia.__disse Ramona, como sempre irritada.
Mike olhou para ela sorrindo e perguntou.
__Tá com ciúmes?
Christine tentava conter o riso, aquelas duas figuras eram muito engraçadas...
__Não, eu não tô com ciúmes de você. E logo de você. Sei que não temos nada a ver, mas para mim, isso chega a ser incestuoso.
Eles entraram na igreja, padre Thomas estava como sempre ajoelhado rezando, diante da cruz.
Após ele se benzer, ele disse se levantando vagarosamente.
__Ainda bem que vocês chegaram. Já estava achando que vocês não viriam.

Continua...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Surgido da Fumaça





Eu dançava naquele salão, imensamente grande e cheio de pessoas. Estava sozinha, mas todos os rapazes da pista, e fora dela, me secavam com olhares de predador... Alguns até vinham tentar algo comigo, mas eu era muito tímida para ceder a qualquer um...
Quando a musica mudou, uma fumaça densa tomou conta da pista de dança, onde eu estava. Não enxergava nada além da fumaça, mas de repente a minha frente, uma figura máscula se materializou. Fiquei surpresa com tamanha beleza...
Ele não disse nada, apenas estendeu a mão, convidando-me para uma dança, não consegui resistir aquele charmoso cavalheiro, vestido de negro.
__Qual seu nome?__perguntei.
Ele colocou dois dedos frios sobre meus lábios, fazendo calar-me, envolvendo seu outro braço sobre meu corpo, puxando-me para perto de si, ele responde no pé de meu ouvido.
__Diga-me primeiro o seu.
Agora os seus dois braços estavam envolvidos sobre meu corpo quente. Pela primeira vez, encarei aqueles olhos negros, ele também fazia questão de encarar o azul de meus olhos. Baixei o meu olhar, em direção aos lábios vermelhos do rapaz, e disse meu nome.
__Sou Camilla.
Ele continuava me encarando nós olhos, li em seus lábios quando ele disse.
__Lindo nome.
Então, tornei à pergunta-lhe.
__Qual o seu?
Ele sorriu, exibindo seus dentes branco-marfim. E mantendo o sorriso que formou, ele me responde.
__Sou Vlad.
Por um instante, tirei os olhos dele, e olhei para o chão, refletindo sobre seu nome...
“Vlad Dracul, o empalador real” ou mais conhecido como “Conde Drácula”...
Subitamente aquele pensamento desaparece de minha mente, quando ele direciona meu rosto para mais próximo do dele...
A gente se entre olhou mais uma vez... E mais nada vi.

Acordei em meu quarto, despida em cima de minha cama... lençóis e roupas espalhadas pelo chão. De repente, minha mãe bate na porta insistentemente.
__Camilla, já é tarde minha filha. Já é hora de ir para o colégio.__gritou ela.
Olhei para o relógio, e vi que já eram 18:00 horas em ponto. Respondi a minha mãe com toda a calma do mundo.
__Já tô indo.
Arrumei meu quarto, confusa, com tudo o que tinha acontecido. Pois eu apenas me lembrava de ter sido beijada por um rapaz chamado, Vlad...

Cheguei ao colégio pensativa...
“A noite passada dancei com um desconhecido... dormi a manhã e a tarde toda... enquanto me banhava também tive outra surpresa, meu pescoço tinha duas marcas estranhas, duas pequenas incisões arredondadas”.

No meio da aula de geometria, minha amiga, Brenda, pergunta, o por que de minha quietude toda, eu não sabia o que responder.
__O que foi Amiga? Cê, tá quieta hoje.__perguntou Brenda, a mim.
__Eu tô normal.__respondi tensa.
Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, o sinal do intervalo bateu. Descemos em silencio, não fiz nem questão de ficar na fila do lanche, coisa que sempre ficava, sentei-me em um banco qualquer no canto da parede, e fiquei observando o movimento do pátio. Foi olhando para todos os lados que identifiquei uma figura diferente conversando com os garotos da outra turma, ele aparentava ser um pouco mais velho que os outros, e usava roupas negras.

Levantei-me instintivamente e me aproximei dele, quando olhei em seus olhos senti o meu ar faltar, e em seguida desmaiei em seus braços, a ultimas coisa que senti foi o toque frio de suas mãos me agarrando.

Acordei meia hora depois. Na enfermaria do colégio, onde ao meu lado, Vlad, se encontrava velando meu sono. Sentei-me na beira da cama, deixando meus pés a balançar no ar.
__Quem é você?__perguntei olhando para o chão.
Ele sorriu, exibindo seus dentes branco-marfim, e me respondeu com outra pergunta, e com um tom irônico na voz.
__Camilla, Camilla. Doce Camilla, você não se lembra de mim?
__Eu sabia.__respondi.__Por que você desapareceu? Pensei que estivesse ficando louca.
Ele me encarou, vi a paixão que ardia naqueles olhos negros... e senti a mesma coisa por ele, pela segunda vez... aquele estranho sentimento parecia se apossar de mim, cada vez que eu o encarava.

Saltei da cama, fiquei frente-a-frente com meu amado...
Nos beijamos...
Seus lábios percorrerem meu rosto até chegar ao meu pescoço, estava completamente fora de mim, mas quando vi seus enormes caninos, sai daquele transe maluco, e sem saber como agir, diante daquela criatura que logo deduzi que era um, vampiro, fugi, deixando ela só na enfermaria. Pensei que ele fosse me seguir, me caçar e me matar, sem se quer alimentar-se de meu sangue, simplesmente deixando o meu corpo apodrecendo em uma vala qualquer.

Fugi do colégio, cheguei em casa aterrorizada, minha mãe queria saber o que estava acontecendo, mas não dei a menos atenção ao que ela estava falando. Tranquei-me em meu quarto, sentei-me em minha cama, e fiquei pensando e repensando no assunto, até que exausta adormeci...
Tive sonhos eróticos e perturbadores com o vampiro...

Os dias... quer dizer, as noites foram se passando, e minha vida foi se estabilizando. Os sonhos continuavam, intimamente eu desejava que ele me tornasse igual a ele, mas tinha medo do que ele era, e o que aquele desejo maldito iria me torna...

Em uma bela noite de luar, estava contemplando a lua da varanda de meu quarto, quando de repente, senti meus pelôs se ouriçarem, olhei para trás, e o avistei. Ele usava uma capa negra que se ondulava com a brisa... Tive medo, mas algo me impulsionava a não fugir mais uma vez, mas não ousei me aproximar daquela figura tétrica a minha frente.
Vlad deu alguns passos na minha direção, a luz do luar clareou por completo a face fria do vampiro... Não resisti, eu o desejava ardentemente, eu o queria tanto como ele me queria.

Nos beijamos na luz do luar. Me senti uma princesa no alto da torre, sendo salva por seu cavaleiro negro.
Na escuridão de meu quarto, nós dois éramos um só, um só corpo unido pela mais profana paixão...
Foi no instante de nossa ultima convulsão de corpos, que fiz meu pedido.
__Torne-me imortal.__disse eu, com a voz ofegante.
__Tem certeza de seu pedido, minha amada?__perguntou ele.
Joguei minha cabeça para trás, deixando meu pescoço livre, de meus longos cabelos negros.

Apenas me lembro da dor... da minha vida passando inteiramente diante de meus olhos... e do prazer absoluto que senti no final...

Acordei dias depois.
Cavei a terra de minha própria cova, tentando sair de minha tumba. Quando em fim minhas mãos saíram da terra, sentia-a sendo pega por uma mão grande e grosseira. Meu corpo foi retirado de súbito daquela vala.

Demorou um pouco para o meu raciocinar começar a funcionar, mas quando vi, Vlad, a minha frente, não sabia se ficava feliz ou triste. Então ele perguntou.
__Está feliz com sua nova vida?
Eu ri, a minha única reação foi rir do que ele disse... Ele apenas sorriu, quando parei de rir, percebi que agora nossas faces estavam de encontro uma com a outra, nossos lábios sem vida, estavam próximos, uma nuvem que encobria a lua, a libertou de sua prisão, assim permitindo, que a luz daquele imenso luar prateado iluminasse o beijo, do casal quase imortal apaixonado...

A moça sempre me encarava, eu não sabia o porque daquela perseguição com o olhar, mas sabia que estava sendo constantemente seguido por aqueles grandes olhos azuis.
Nunca tive coragem de encara-la por muito tempo, porque, uma energia estranha parecia percorre meu corpo...

A Loira de Vermelho


Era uma noite fria em Trinnity, as ruas estavam quase vazias, apenas uma ou outra pessoa seguindo rumo a suas casas, eu vagava sozinho sem rumo algum para tomar, apenas a procura de saciar a sede que sentia...
Quando virei uma esquina qualquer, dei de cara com uma moça, loira, seus cabelos eram compridos e se esparramavam sobre o vestido vermelho, que se ajustava muito bem ao seu corpo de ninfa. Ela estava no ponto à espera de um ônibus. Achei engraçado o fato de ela estar justo lá, esperando um ônibus, que com certeza nunca chegaria. Pois, depois da meia noite, Trinnity não funcionava para os mortais, mortais como aquela bela, que estava de costas para mim.
Ela era mais que perfeita para saciar a sede que eu sentia... Aproximei-me dela, me fazendo de distraído, e sem querer... Quer dizer, e por querer, esbarrei nela que se assustou.
__Oh! Desculpe-me moça, eu perdi o equilíbrio, e...__disse eu, mas ela me interrompeu antes que pudesse completar minhas desculpas.
__Não foi nada. Você tem fogo?__ela me perguntou exibindo um cigarro.
Atenciosamente retirei um isqueiro do bolso, e acendi seu cigarro. Após dar a primeira baforada, a moça me perguntou.
__O que um moço jovem, e tão sexy, está fazendo vagando por ruas malditas como essa?
Aquela indireta me fez sorrir de forma maliciosa. E encarando-na nos olhos, eu respondi.
__Nada! Mas eu é quem iria fazer essa pergunta. Mas já que você a fez por mim, eu lhe pergunto. Qual o seu nome?
Ela me estendeu sua delicada mão esquerda, e respondeu.
__Sou Madalena. E qual o seu?
Peguei sua mão, beijei, e respondi.
__Prazer Madalena. Sou Vlad, Conde Vlad.
__Oras! Sinto-me honrada, por está diante de um conde. Mas você ainda não me respondeu. O que faz vagando, justo um homem com o sua patente, por ruas malditas como essa? Depois da meia noite!
__Estou pensando, em como minha vida foi chata.
Ela deu uma última baforada no cigarro, e o atirou longe, fazendo faíscas seguirem a bituca, que se chocou contra o chão três vezes, antes de parar em um local fixo.
Tornei a olhar para a cara de Madalena, que me perguntou.
__E agora, a sua vida por acaso está menos chata?
Olhei para o chão, a procura de uma resposta que não a assustasse. Quando me voltei pra ela, eu respondi.
__Sim, uma pessoa mudou minha vida.
__E quem seria essa pessoa?__ela me perguntou, dando dois passos em minha direção.
O perfume dela era embriagador, e os seus olhos verdes obrigavam qualquer um a revelar seus segredos. Mas espera aí, eu é quem sou o vampiro aqui, ela é apenas uma mortal...
Meus pensamentos se tornaram confusos naquele momento, mas me mantive centrado na conversa.
__É passado... Mas você já me fez um monte de perguntas, enquanto eu apenas lhe fiz apenas uma.
Ela sorriu docilmente, e disse.
__Então, faça as suas perguntas, que eu responderei com todo o prazer. Mas, nós voltaremos a essa minha última pergunta, que não teve uma resposta completa.
__Ok! Então lá vai a primeira. Por que você está parada em um ponto de ônibus, a essa hora, sendo que não há ônibus depois da meia-noite, aqui em Trinnity?
__Estava esperando uma pessoa.
Ela olhou para o outro lado da rua, na direção da entrada de um prédio tão cinzento quanto aquela cidade.
__E essa pessoa apareceu?__perguntei distraído, por estar olhando na mesma direção que ela.
__Sim, ele está na minha frente nesse exato momento.
Engoli seco dessa vez. Pois como assim, era eu?
__Do que você está falando? Por acaso a pessoa sou eu?__perguntei nervoso.
__Sim meu amor. Vejo que você não é tão lento quanto parece. E além disso, eu sei o que você é, e por que vagas pelas ruas sem rumo.
Fiquei sério, e perguntei agora aflito.
__O que eu sou, e porque eu vagava sem rumo pelas ruas?
Ela tornou a sorrir para mim, exibindo seus dentes brancos cintilantes.
__Você é um vampiro, e vagava sem rumo à procura de uma vítima, para poder saciar sua sede.__ela afastou uma pedrinha no chão, com o bico de seu salto 15 vermelho, e prosseguiu.__E creio que há um minuto atrás, essa vítima seria eu.
Levei as mãos ao alto, e bati com tudo contra minhas coxas, e perguntei decepcionado.
__Como você sabe? Foram as minhas mãos frias, ou o meu semblante sem vida?
__Nem um, e nem outro meu bem. Eu apenas sei, e não precisa ficar nervoso comigo, pois eu não farei nada contra seu ser, e como eu sei, você não tentará nada contra o meu.
Fiquei intrigado com o que ela me disse, então resolvi escutá-la.
Vendo que eu a queria escutar, ela prosseguiu.
__Agora que você sabe um pouco de mim. Eu quero uma resposta concreta sobre a minha última pergunta feita.
__A que eu disse que era passado?
Agora ela me encarava séria, e respondeu apenas com aceno positivo de cabeça.
Olhei para o chão, e mais uma vez eu tentei procurar palavras a serem ditas...
__O nome dela era Vick, Victória.__eu comecei.__Ela era maravilhosa, eram meados do século quinze, nós fomos criados juntos, morávamos no mesmo vilarejo... que foi queimado pelo exército de Drácula, um guerreiro cruel, que matava por prazer, e ainda mais com um sorriso macabro estampado no rosto.__aquelas lembranças, eram uma tortura para mim, mas eu prossegui firme.__Após a destruição do vilarejo, minha família e a família de Vick tiveram que se separar, foi aí que eu jurei a ela que nunca a esqueceria, e que em breve eu a buscaria. Um ano se passou, e fui cumprir com minha promessa, fui buscá-la como o prometido, mas quando cheguei, seus pais me disseram que eles haviam mandado ela para um convento, para que não ficasse junto de mim...
Fiquei furioso com o que eles me disseram, e após sair da casa deles, resolvi ir ver Vick em sua prisão...
Quando cheguei no convento, Vick me receberá de braços abertos, mas vi que ela estava abatida, e quando nos abraçamos, a madre superiora nos repreendeu com o olhar severo, como se um mísero abraço fosse algo profano, mas mesmo assim, a madre nos deixou a sós para conversamos mais à vontade. Ela tomou minhas mãos junto s suas, e olhou nos meus olhos, seus olhos azuis, me revelaram a profunda tristeza que ela estava sentindo naquele momento, eu não aguentei, e acabei deixando uma lágrima escapar, ela deslizou quente sobre minha face. A mão de Vick, como sempre compreensiva, enxugou minha lágrima e disse que não queria me ver daquele jeito, porque, eu iria conhecer uma pessoa melhor que ela, e que iria amar-me tanto como ela me amou.

A loira à minha frente estava apreciando suas unhas vermelhas e cumpridas, no momento em que eu parei de falar.
__O que foi?__perguntou ela, levantado os olhos verdes das unhas, e olhando pra mim.
__Nada!__respondi enérgico.
__Pode continuar que eu estou ouvindo.__disse ela, que continuou apreciando as unhas.
Então eu continuei, minha mente voltou outra vez séculos antes...

__Após aquelas palavras de Victória, resolvi ir para nunca mais voltar, mas no meio do caminho, não contive a emoção, comecei a chorar, desci de meu cavalo que se chamava Pegazos, e comecei a atirar pedras para longe praguejando contra Deus e o mundo, depois que minha raiva passou, refleti melhor sobre o que disse de cabeça quente, pedi perdão a Deus, mas não para o mundo.
Quando voltei ao meu vilarejo, resolvi pedir ajuda a um amigo meu, que ironicamente só aparecia à noite. Seu nome era Nicolas, pelo o menos era assim que ele se apresentava a mim, ele era um homem muito sábio, me dava conselhos, que eu seguia a risca. Ele apoiou meu plano.
Naquela mesma noite, voltei ao convento acompanhado de Nicolas, de um jeito que eu desconhecia na época, ele descobriu qual era o quarto de minha amada. Se eu soubesse o que ele ia fazer com ela, eu nunca teria tirado ela daquele convento, nunca...

Comecei a chorar, Madalena percebeu, e se aproximou acolhedoramente de mim, e disse.
__Sei que é duro, mas prossiga por favor.
Me senti um tolo, por estar agindo daquela forma, pois um vampiro da minha idade chorando...
Então prossegui.

Subi até seu quarto que ficava em uma torre alta, tive muitas dificuldades em relação à subida, mas o meu amigo, Nicolas, que vinha logo atrás de mim, não parecia ter nenhum problema... muito pelo contrário, ele até parecia um escalador profissional desse século.
Assim, quando cheguei nos aposentos de minha amada, ela se assustou, e quase deu um grito, mas se conteve. Ela esqueceu quem era, e veio ao meu encontro me abraçando e me beijando nos lábios. Nicolas entrou logo atrás de mim, olhou para todos os cantos do quarto como se verificasse o local.
Após aquele beijo, eu disse a ela, tomando suas pequenas e delicadas mãos.
__Fuja comigo, Vick. Para nunca mais voltar.

Com lágrimas nos olhos, minha amada aceitou...

Foi tudo muito rápido, corremos em direção à janela, e lá Nicolas me ajudou com Vick, que ficou com muito medo de descer, confesso que também fiquei, mas contive meus nervos, para dar uma força emocional a mais para ela...
Vi que o sol já cortava a linha do horizonte, quando pisamos em terra firme. Nós nos beijamos apaixonadamente mais uma vez... quando olhei pra trás, a procura de Nicolas, não mais o encontrei.
Então, Vick e eu montamos na garupa do cavalo, e seguimos rumo a uma nova vida. O cavalo percorria aquela estrada íngreme, e eu apreciava os primeiros raios do romper da aurora, Victória com seus braços envolvidos sobre meu corpo, alisando os pelos de meu peito por dentro da camisa, que se encontrava semi-aberta. Fomos para o meio da floresta, local que sei que poucos ousavam pisar, lá havia uma cabana abandonada, onde passamos a noite. Fizemos amor naquele lugar, quando deu meia noite, Nicolas apareceu, não sei como ele conseguiu localizar o nosso paradeiro, mas lá estava ele, eu estava muito grato pelo o que ele fez...

A loira continuava ouvindo minha trágica história, quando de repente eu parei, mais uma vez do nada.
__O que houve?__ela me perguntou aflita com a história.
__Eu não consigo mais.__disse-lhe eu.
__Consegue sim.__apoiou-me ela, outra vez.
Sentindo firmeza naquele apoio, decidi prosseguir.

__...eu estava muito grato pelo o que ele fez, mas ele tinha um brilho estranho no olhar, ignorei aquele brilho, e o abracei, ele apenas deu um leve e frio tapinha em minhas costas, e me deixou de lado, indo em direção a Vick, que parecia estar sendo hipnotizada por ele. Estranhando o jeito dos dois, eu perguntei o que estava havendo, mas nenhum dos dois me respondeu. Vick que estava apenas enrolada nos lençóis, em que nós dois tínhamos acabado de fazer amor, se levantou deixando os panos escorregarem por seu corpo nu e branco. Fiquei sem jeito, mas Nicolas não parava de olhar para Vick, e Vick não parava de olhar para Nicolas. Foi então que vi que as unhas de Nicolas se tornaram pretas e afiadas, diante de meus olhos. Em um movimento rápido, ele tomou minha amada em seus braços, e dilacerou seu pescoço. Fiquei sem ação, meus pés pareciam pesar toneladas, eu estava aterrorizado, pois aquele que eu julgara ser meu amigo, na verdade era um monstro. De repente ele deixou o corpo de Vick cair no chão, e olhando para mim, com aqueles olhos cor de brasa, aquela boca escorrendo o sangue de Victoria, ele disse.
__Calma, você não se penalizará por muito tempo a respeito de sua amada, eu vou acabar com você também.
Desfaleci na hora...
Acordei dias depois, minha vista estava turva, e um cheiro horrível de podridão se apossava de minhas narinas, me sentei esperando que a tontura passasse, estava com sede, mas não era uma sede normal, sede de água, minha sede era diferente, e eu não estava conseguindo distinguir do que.
Olhei ao redor, quando meu olhar pousou em um canto qualquer da cabana, fiquei aterrorizado em encontrar o corpo sem vida e em decomposição, de minha amada Victória...

Estava tão aterrorizado e fraco, que tornei a desmaiar...
Quando voltei a abrir os olhos, a primeira coisa que vi foi Nicolas que me fitava. Após retomar consciência de tudo que havia acontecido, não pensei duas vezes, avancei sobre ele, com uma força que não sei de onde tirei. Ele se desviava de meus golpes com uma agilidade sobre-humana, quanto mais eu tentava atingi-lo, mais ele se desviava, e ria de mim, de repente com uma força descomunal, aquele monstro pegou um de meus braços e torceu, a dor foi tão intensa, que me ajoelhei voluntariamente aos seus pés.
__Chega de teatro, Vlad.__disse-me ele, que pegou um cálice de ouro, que havia ao seu lado em um móvel velho, e disse me entregando o objeto.__Beba! Isso vai fazer com que todas as dores de seu corpo passem.
Peguei o cálice com ódio, quando olhei pra dentro dele, vi que havia um liquido vermelho e espesso, que tinha um cheiro forte, de sangue.
Não sei o que deu em mim, eu até pensei em recusar, e atirar aquilo longe, mas um desejo que até aquele momento me era desconhecido, me obrigou a beber aquele líquido espesso, que tinha um sabor inigualável.
A dor de meu braço passou, e a de todo o resto de meu corpo.
__Eu achei que você não ia se transformar, mas vejo que me encanei redondamente.__disse ele.
__Do que você tá falando, desgraçado?__perguntei, atirando o cálice pra longe.
__Você ainda não percebeu, meu caro, eu sou um vampiro, você é um vampiro, nós somos vampiros.
__O que raios é vampiro?__perguntei confuso, mas furioso.
__Vejo que você ainda é muito inocente meu caro. Um vampiro, é um ser que vive eternamente, e que se alimenta de sangue, de preferência humano.
Fiquei aterrorizado com tal revelação, mas ele ignorou meus sentimentos e disse.
__E desculpe-me a minha falta de atenção, pois eu ainda não me apresentei formalmente. Eu não me chamo Nicolas, sou Alex.__disse ele, se reverenciando a mim...

Fui descobrindo com o decorrer das horas e dos dias, minhas forças e minhas fraquezas, não tendo muitas alternativas, tive que me aliar ao inimigo...

Após terminar minha narrativa, Madalena pegou mais um cigarro, e mais uma vez me pediu o isqueiro emprestado. Após acender o cigarro e repetir o ritual da baforada, ela se manifestou para falar.
__História linda. Daria pra escrever um livro, sobre quando você ainda era vivo.
__Legal! Eu já contei minha história, agora é hora de você contar-me a sua.
__Ok, mas você tem certeza que quer ouvir a história de uma loira solitária, de apenas vinte e quatro anos de idade?
Respondi com um aceno positivo de cabeça.
__Pois bem. Eu fui casada com um homem, mais velho que eu, ele tinha quarenta e oito anos, enquanto que eu apenas, como já citei, vinte e quatro. Ele era muito bom para mim,
mas não me satisfazia sexualmente com ele, logo uma loira fogosa como eu, tinha de arranjar alguém que fizesse o que meu amado Rodolfo não fazia. Foi ai que conheci Charles. Charles era casado, ele tinha uma linda esposa, e um casal de filhos, um menino de cinco anos e uma menina de apenas três meses de vida, na época.
Nós marcávamos a qualquer hora do dia ou da noite para nos encontrar, nós nos
encontrávamos em um apartamento que ficava bem aí, nesse prédio cinzento a nossa frente.__disse ela, levando delicadamente seu rosto na direção, do prédio em frente ao ponto, e prosseguiu.__ Pois bem, foi em uma noite fria e tenebrosa como essa, que Charles sugeriu que a gente saísse, ele adorava emoções.__ela pousou o olhar em ponto qualquer no nada, e prosseguiu.__Mas ele não compareceu ao encontro, triste e irritada com o bolo que ele me deu, saí de nosso pequeno esconderijo, e fui esperar um ônibus, pois eu não podia chamar meu motorista, eu não confiava muito nele, e mesmo por que meu marido poderia desconfiar.
Então fiquei sentada à espera de um ônibus bem aqui nesse ponto, onde estava esperando por você, nessa mesma hora. Estava tão nervosa que acabei por me esquecer que depois da meia-noite, o sistema de transporte da cidade não funciona, é como dizem, Trinnity não funciona para os mortais, após o soar das doze badaladas do relógio da catedral.
Sabe! Eu usava essa mesma roupa naquele dia. Estava distraída quando de repente, uma mão forte e armada foi envolvida sobre meu pescoço, as mãos eram de um marginal qualquer, e a arma era uma pequena e afiada faca que estava de encontro ao meu delicado pescoço. O bandido disse que era pra e ficar quieta, pois se eu não fizesse escândalo, ele não me machucaria. Com muito medo daquela lâmina, obedeci às ordens dele, que de uma vez só, rasgou meu vestido, e começou a passar suas ásperas e imundas mãos sobre meu corpo, me debati um pouco, mas do nada ele sacou uma arma na direção de minha cabeça e disse, “fique quieta loira vagabunda, se não, eu esvazio o tambor dessa arma na sua cabeça”, eu só pedia a Deus que ele me ajudasse, mas infelizmente, aquele não era o meu dia.__ela deu as costas a mim, e fitou o céu um pouco, antes de concluir.__Além de eu ter levado um bolo do meu amante, eu fui abusada sexualmente por um maníaco, que veio não sei de onde. E antes de ele partir, satisfeito com a transa, ele apertou acidentalmente o gatilho do revolver, que disparou contra meu olho esquerdo.

Quando ela se virou outra vez, vi que seu vestido lindo e deslumbrante de repente se tornara trapos rasgados e imundos, três de suas maravilhosas unhas estavam quebradas e em carne viva, a maquiagem de seu olho direito estava totalmente borrada e manchada de sangue, e seu olho esquerdo já não existia mais, porque, aquele lado de sua cabeça estava totalmente dilacerado, por ter sido atingido por uma bala, de uma calibre trinta e oito ...

Por incrível que pareça, não senti medo, apenas fiquei impressionado com a cena, mas logo eu disse, abaixando a cabeça e sorrindo.
__Trinnity, a cidade em que tudo pode acontecer. Não é, moça?__eu disse a ela.
Quando tornei a erguer a cabeça, ela havia desaparecido...
Olhei para o isqueiro que se encontrava em minhas mãos, e disse pra mim mesmo.
__Bom, pelo o menos desabafei com ela...

E desde esse dia, eu passo nesse mesmo ponto de ônibus, para me encontrar com minha mais nova amiga, a loira de vermelho. Até porque eu também não sou um ser plenamente vivente...

A Loira de Vermelho a Hstória de Madalena


Madalena estava sentada em frente a uma escrivaninha, vestindo apenas um roupão negro de seda, onde ela olhava para um livro, todo manuscrito. Ela batia levemente uma caneta de ouro 24 quilates, sobre o lábio inferior, e olhava concentradamente para as folhas rabiscadas.
Ela pousou a caneta sobre o tampão da mesa, e se levantou abandonando a sua leitura...
Amarrando firme o cordão de seu roupão, a moça, se dirigiu até o seu guarda-roupas. Abriu-o e escolheu um vestido vermelho deslumbrante.
O telefone tocou, ela atendeu, do outro lado da linha era Charles seu amante, ele queria encontra-la no local de sempre...
Após colocar o telefone no gancho, Rodolfo o marido da moça, adentrou o quarto deles. Afrouxando a gravata, Rodolfo perguntou beijando os lábios da esposa.
__Aonde vai querida?
__Eu vou a uma festa com minha amiga, Lorena e a filha dela. Por que, por acaso você quer ir junto?
Tirando os sapatos e se deitando na cama, ele respondeu.
__Deixa pra próxima meu bem. Estou muito cansado... o trabalho foi muito puxado hoje.
Ela desamarrou a tira de seu roupão, e deixou o delicado tecido de seda percorrer seu corpo branco. Rodolfo, ficou a admirar o corpo escultural da esposa. Ele se levantou, e a abraçou por trás, afastando os longos cabelos loiros da esposa, para beijar-lhe o cangote.
__Fica meu bem! Faz tanto tempo que a gente não fica junto...__disse ele.
Ela o fitou por cima dos ombros e disse, beijando a face do marido.
__Não vai dá, meu querido. Eu já marquei com elas...
__De uma desculpa esfarrapada a elas, e vamos passar a noite juntos, como nos velhos tempos.
Desviando-se de mais um beijo do marido, a moça respondeu e foi em direção a cômoda.
__Não posso mentir para as minhas amigas, meu bem. E mesmo porque, nós já estamos planejando essa saída, há semanas.__se desculpou ela penteando os belos, longos e loiros cabelos.
Desanimado, Rodolfo voltou a se deitar na cama retirando a gravata, e disse.
__Então vá com Deus, meu amor. Agora eu vou tomar um banho e dormir.
A moça continuou a se arrumar, quando enfim estava pronta, seu marido já estava dormindo.
Ela com seu vestido vermelho, muito bem acentuado ao seu corpo de ninfa. Pegou sua bolsa, se aproximou do marido, beijou as pontas de seus próprios dedos e em seguida encostou-os à face do esposo que dormia profundamente.
Madalena passou pela recepção de seu condomínio, cumprimentou o porteiro e pediu para ele chamar um táxi.
__Mas a senhora não prefere o seu chofer?__perguntou o porteiro humildemente.
Madalena respondeu com arrogância.
__Não é de sua conta, qual o transporte que utilizo para sair... e chame logo esse táxi, pois tenho pressa, e não posso me atrasar para o meu compromisso.

Quando pós os pés na rua, homens e até mesmo mulheres, ficaram encantados com sua beleza...
O táxi parou em frente ao prédio, ela entrou no veiculo e entregou um cartão ao taxista, que até aquele momento só tinha sentido o perfume embriagador da moça.
__É a rua perto da catedral! Correto?__perguntou o homem, que quando olhou pra trás, ficou espantado com tal beldade em seu táxi.
__Sim, é perto da catedral!__confirmou ela, impaciente e com um tom arrogante na voz.__Agora vá logo, porque eu não posso me atrasar...
O caminho era longo, até o centro. E o motorista parecia ser do tipo que falava de mais...
__A senhora é de onde?__perguntou o taxista.
Ela pensou em ignorar aquela pergunta, mas ela sabia que se não, se distraísse um pouco, a monotonia iria tomar conta.
__Sou daqui mesmo de Trinnity. Por quê?
__Por nada, é apenas pra matar o tempo... A senhora sabe que o caminho vai ser longo...
__Sei...
__Então, a senhora trabalha no quê?
Madalena sorriu e disse.
__O senhor é bem inconveniente, em!
O homem sorriu para ela, pelo retrovisor.
__Desculpa, não precisa ficar nervosa...
__Pode ficar calmo, moço. É que as pessoas não costumam me fazer esse tipo de pergunta. Pois, eu sou casado com o dono de uma multinacional aqui da cidade.
__Hum! Interessante, como foi que a senhora o conheceu?
Ela franziu a testa, e sorriu indignada. Ela até pensou em dizer outra vez que ele era muito inconveniente, mas se conteve e respondeu, mesmo porque, ela estava precisando conversar com alguém, mesmo que fosse com um desconhecido.
__Eu conheço meu esposo desde que eu tinha dez anos de idade. Ele era sócio de meu pai, na empresa.
O taxista olhou para ela surpreso, pelo retrovisor. Mas não disse nada, ele apenas ficou a escutar o que ela tinha a dizer.

__Foi aos dezessete que comecei a reparar nele, como uma mulher realmente repara um homem. Ele tinha quarenta e eu dezessete... Que loucura...__ela olhou para o carpete do carro, sorriu e voltou a falar.__Rodolfo, meu amado Rodolfo, era muito charmoso na época, e continua sendo. Ele tem os cabelos grisalhos, olhos cinzentos, rosto alongado e sempre livre de pelos, do jeito que eu gosto.
Naquele dia, fui à empresa de meu pai, para falar sobre um problema com ele. A recepcionista anunciou a minha chegada, meu pai mandou que eu entrasse direto. Quando entrei na sala da presidência, me deparei com Rodolfo, que estava mais charmoso do que nunca, já tinha muitos anos que eu não o via. Percebi que ele ficará encantado com a minha presença, e ele disse ao meu pai...
__Não acredito que essa moçona é a pequena madalena!
__Sim, fui à pequena madalena um dia, mas agora como você vê, eu já sou uma mulher...__disse eu, olhando sacanamente pra ele, mas acho que ele não reparou minha forma seca de olha-lo... cheia de malicia.
Meu pai interveio no assunto e comentou.
__Para mim, você sempre será a minha menina, a minha pequena Madalena...

Aquela foi o primeiro de muitos encontros formais com meu amado. Desde então, eu que nunca ia a empresa de meu pai, passei a visitá-lo com mais frequência. Foi num impulso louco que pedi um estagio na empresa pro meu pai, que nunca se negava aos meus pedidos.
Comecei o meu estagio comportadamente, tentei chamar a atenção de Rodolfo de forma discreta, me fazia de desentendida diante dos assuntos da empresa, e sempre arranjava um “acidente” para toca-lo, mas ele nem se quer me olhava direito. Resolvi mudar de estratégia, comecei a usar roupas mais ousadas para provoca-lo, mas também nada. Comecei a duvidar da sexualidade dele. Foi então que tomei uma atitude radical...

Em uma bela noite, quando a empresa estava fechada, e não tinha mais ninguém, apenas os seguranças na recepção, resolvi colocar o meu ultimo trunfo em pratica...
Escondi-me na sala da presidência, coloquei uma roupa mais que sexy e ousada...
Chamei Rodolfo até a sala, com muito desespero na voz...

Os olhos da Loira brilhavam a cada detalhe dito de seu plano...

Quando chegou na sala, ele se deparou comigo sentada na mesa do presidente, só de cinta liga vermelha e um espartilho também vermelho.
Lembro que Rodolfo ficou pasmo em me ver naqueles trajes. Ele tirou seu paletó, e tentou me cobrir, e disse.
__Já pensou se seu pai te pega nesses trajes, menina?
Aproximei meu rosto do dele, e respondi com a voz rouca e sensual.
__Que se dane o meu pai, eu quero você!
E tentei beija-lo, mas ele desviou-se de mim, e disse incrédulo.
__O que você está querendo fazer comigo, garota? Quer me desmoralizar, me...
Eu o interrompi, e ele se afastou de mim.
__Longe de mim, desmoralizar você meu caro. Mesmo porque, eu quero te dar prazer...
Rodolfo me encarou assustado, e disse.
__Não diga sandices menina... Sai da minha frente...
Dei uma gargalhada gostosa e estrondosa, e disse.
__Faz-me rir, meu amor, que eu gosto!__e tomei mais uma vez a sua frente, impedindo ele de passar por aquela porta.
Fechei a porta atrás de mim, tranquei-a e tirei a chave, quando ele viu o que eu estava fazendo, ele disse.
__Me deixe passar... Me de essa chave.
Exibindo a chave a ele eu disse.
__Vem tirar daqui, olha!__e coloquei a chave dentro do espartilho, entre os meus seios.
Ele ficou puto, com a minha atitude, lembro-me bem quando ele se aproximou ele estava irado, e mandou:
__Abre essa porta, menina!
__Ainda me tomas, como sendo uma menina!__exclamei eu, que balancei meu dedo indicador de forma negativa, e depois chupei de uma forma que lembro ter sido de deixar qualquer homem, em estado de sentido...
Não resistindo a provocação, ele me envolve em seus braços fortes, pressionou meu corpo sobre o seu. Apertou com firmeza uma de minhas coxas, enquanto que a outra mão me segurava para que eu não caísse para trás, enquanto ele beijava meu pescoço, eu jogava meus longos cabelos loiros para trás.
Ele me encostou na parede, mas continuou com o seu corpo colado com o meu, ele abriu meu espartilho com fúria e paixão. Por de trás de seus óculos de armação fina, vi a luxuria que ardia em seus olhos acinzentados.
__Eu sabia que você também me queria, meu amor...__disse eu ofegante.
__Desde de o primeiro instante em que você atravessou aquela porta, não consegui mais parar de pensar em você, meu amor.__confessou-me ele, que me beijou de uma forma de tirar o fôlego.
Fizemos loucuras naquela noite, no escritório de meu pai...
Mas depois daquela noite, eu não consegui mais olhar na cara dele. Então me mudei para Roma, onde eu morei até completar vinte e dois anos. Só voltei por causa do falecimento de meu pai, foi então que reencontrei Rodolfo, nos entendemos e então, me casei com ele.

O motorista ficou pasmo, com a história contada, logo ele, que contava mil e umas historio para os passageiros, mas nenhuma comparada a essa.
O táxi estacionou em frente a um prédio cinzento, e disse.
__São: vinte pratas, senhorita.__disse o motorista que se lembrou de devolver o cartão para a moça.
Madalena saiu do veiculo, pegou de volta seu cartão e entregou uma nota de cem para o homem. E deu as costas.
__Espere senhorita, o seu troco.
Ela se virou suavemente para ele e disse.
__Eu não lhe disse que queria troco, e aliás, eu sou senhora e não senhorita.
O homem se desculpou e partiu.
Madalena achou graça na reação do taxista, e entrou no prédio. Atravessou o saguão, olhou feio para o porteiro, mas mesmo assim o cumprimentou. Ao entrar no elevador, ela pressionou o botão de numero nove.
Quando chegou no nono andar, a moça entrou no corredor e seguiu em frente, até que ela parou em frente a uma porta, com um grande número quarenta e seis em dourado. Ela tirou uma chave do bolso, encaixou na tranca e girou, quando a porta se abriu ela entrou.
Madalena tinha esperanças, de já encontrar o amante a sua espera, mas não, ele não estava lá. Ela olhou no relógio da parede, sete e quinze, ainda era cedo. Então ela resolveu se sentar na cama e recordar...

Lembro-me que eu estava conversando com minha amiga Lorena, num restaurante que costumava frequentar, quando de repente olho para o bar, e lá está ele, porte atlético e o melhor, ele era negro. Sempre tive uma quedinha por homens de cor, e aquela era a minha oportunidade.
Pedi licença a minha amiga, disse-lhe que ia ao toalete. Mas era obvio que era mentira, pois eu fui tentar o meu primeiro contato, com o charmoso homem de terno e gravata.
Cheguei no bar, tentei cumprimenta-lo, mas o engraçado foi que o desgraçado foras super rude comigo. Deixei ele pra lá, e voltei para a mesa onde minha amiga estava a minha espera.
Não conseguia me concentrar no que Lorena estava dizendo, estava muito irritada com a insolência daquele homem.
Olhei para o bar mais uma vez, só para gravar direito o rosto dele, mas não o avistei, senti-me aliviada por não mais ver aquele ser desagradável.
Pedi licença mais uma vez a minha amiga, para ir ao toalete. Quando estava chegando a porta, quase entrando, senti uma mão forte me puxar para o outro lado, o toalete masculino.
Quando vi quem foi que me puxou, vi que era o mesmo homem que foi arrogante comigo, mas agora ele não era nenhum pouco arrogante, muito pelo contrario, ele era bem safadinho.
Ele passava a mão de forma quente sobre meu corpo, por dentro de meu vestido verde curto, eu como não sou boba, deixei rolar, e o deixei louco, igual à forma que ele me deixou.
Foi tudo muito rápido, mesmo por que a minha amiga estava a minha espera. Saí do toalete masculino e fui para o feminino para me arrumar, e não deixar suspeitas. Depois desse dia, eu não o vi mais, aliás eu nem sabia seu nome.
Quando estava fazendo uma breve visita a meu esposo Rodolfo, em sua sala, que um dia foras pertencente a meu finado pai, e foi o local onde eu e Rodolfo fizemos amor pela primeira vez, dei de cara com ninguém mais, ninguém menos, do que com o rapaz do restaurante. Ele entregava um papel a meu esposo, que nos apresentou.
__Charles, essa é Madalena, minha linda esposa.__disse Rodolfo, direcionando o rapaz para mim.
__Madalena, esse é Charles, o meu braço direito na empresa.
__Sério?__disse eu secamente.
__Sério!__disse o rapaz mais seco ainda, dando a mão, me cumprimentando.
Peguei a mão dele, que apenas deu um toque rápido na minha, ele parecia receoso de mais, para prolongar qualquer coisa.
Após aquele episódio, sai da empresa...
Quando o expediente de Charles acabou, eu parei meu caro na frente da recepção, abri a porta e mandei ele entrar. Ele entrou, mas nós não nos falamos até o carro está a uma boa distancia do edificou comercial.

Charles bebia o último gole de whisky 12 anos, de seu copo, e após pousa-lo sobre a mesa, ele me disse.
__Então você é a esposa de meu chefe!
Eu sorri, e coloquei meu copo de Martine sobre a mesa, e confirmei.
__É sou a esposa de seu chefe, e você é o braço direito dele!
__Sim de fato, mas o que uma mulher jovem, e tão atraente como você, viu num velho gaga, como aquele Rodolfo? Foi golpe do baú?__perguntou ele, com desdém ao citar o nome do chefe.
__Você não entenderia... E mesmo porque, o meu pai é quem tinha a grana, e não ele.
__Não entendo, você sendo tão jovem e atraente com um velho.
__Mas quem disse, que é necessário entender?
__É você tem razão, até hoje eu não entendo o porque de eu ter me casado, eu amo minha esposa, ela está grávida, e temos o pequeno Mike que já está com cinco anos, mas eu sou jovem, e agora penso na loucura que fiz.
Eu o encarei seria e disse friamente.
__Nossa, tocante. Mas eu não estou me importando com a sua linda família. Eu o quero nesse endereço, hoje ás sete.__disse eu, entregando um cartão a ele.
Ele pegou o cartão, eu joguei uma quantia elevada sobre a mesa, como pagamento e gorjeta ao garçom e sai.
Charles ficou tão concentrado no endereço do cartão, que quando tirou o olhar do pequeno papel, eu já não estava mais lá.

O endereço que eu dei a ele, era um de um pequeno flat, que eu mantinha as escondidas de meu marido, deu sete e quinze, deu sete e meia e nada dele aparecer, eu que estava sobre a cama, esperando usando uma roupa bem sensual, e com uma taça de chantilly com morangos, e cereja, em mãos a espera dele. Eu já estava comendo todas as frutas, agora eram sete e quarenta e cinco.
Irritada deixei a taça de lado, e me vesti, quando abri a porta, um ramo de flores caras apareceu na minha frente, e Charles estava atrás dele.
__Oi, desculpe o atraso, te trouxe flores. Só para ser mais romântico.__disse ele.
Arranquei o buquê das mãos dele, joguei encima do sofá, e puxando ele pra dentro do apartamento pela gravata, e disse:
__Deixa essa de ser romântico com o meu marido, pois eu só quero o seu corpo.
Depois daquele encontro, ouve muitos outros...

Madalena olhou para o relógio, eram quase meia noite, ela ficou irada, ao descobrir que ficou todo aquele tempo, a espera daquele maldito, atóa.
Revoltada, ela pegou sua bolsa, saiu do flat e trancou o apartamento quase chutando as coisas ao redor. Dentro do apartamento o telefone tocou, mas foi a secretaria eletrônica quem atendeu:
__Madalena desculpe não aparecer, e nem ter ligado, é que só agora eu consegui despeitar o meu sogro agora. É que eu tô no hospital, minha filha nasceu, ela é linda. Espero que você não tenha me esperado...__e o tempo de mensagem acabou.
Do outro lado da rua, havia um ponto de ônibus, (claro que Madalena poderia muito bem ter chamado um táxi, ou chamado seu chofer, mas ela não confiava no chofer, e não tinha nenhum número de telefone de táxi, e a rua estava deserta).
Aquele poderia ser considerado o pior dia da vida de Madalena, ou melhor o pior e ultimo...
O sistema de transporte da cidade de Trinnity, não funcionava depois das doze badaladas do relógio da catedral, e Madalenas havia se esquecido desse detalhe.
Foi quando de repente uma mão grosseira e o pior, armada, foi envolvida sobre o delicado pescoço da moça que ficou sem ação alguma. A arma era uma pequena faca afiada, as mãos grandes e grosseiras, eram de um marginal qualquer, que disse:
__Fique quieta vadia, se você não fizer escândalo, vai ser tudo muito rápido, e até prazeroso pra ambos.__disse o marginal.
Com muito medo daquela lamina, que estava de encontro a seu pescoço, Madalena obedeceu ao homem, que além de imundo, cheirava a bebida alcoólica e urina... De uma vez só ele rasgar-lhe o vestido, lindo e vermelho, e começou a passar as mãos imundas sobre o corpo da moça que se debateu um pouco, vendo que ela não parava de se debater, o homem tirou uma arma do bolso de sua imunda jaqueta e apontou na direção da cabeça da loira, e disse:
__Fique quieta loira vagabunda, se não, eu esvazio o tambor dessa arma na sua cabeça.
A moça só pedia a Deus que ele a ajudasse, mas infelizmente aquele não era dia dela...
O homem a possuiu ali mesmo, madalena queria gritar, tirar aquele sujeito imundo de cima dela, de dentro dela, mas não podia, a arma agora estava de encontro a seu olho esquerdo.
O homem gritou estasiado com a transa, mas Madalena chorou, humilhada. Antes do marginal se levantar, ele acidentalmente apertou o gatilho da arma que estava destravada, e que estava de encontro ao olho esquerdo da moça... O som do tiro ressoou pela rua vazia, fazendo aves noturnas se assustarem e saírem voando. O bandido aterrorizado com o que acabara de fazer, fugiu covardemente deixando a arma do lado do corpo sem vida da moça, que ele acabara de violentar e matar.

O porteiro do prédio que a moça tinha saído, antes daquele incidente saiu, e quando viu o corpo e o sangue sobre o asfalto, gritou, e correu para a recepção para chamar a emergência, talvez a moça ainda estivesse viva.

A detetive Christine Darck e seu Parceiro Otavio Novais, foram os primeiros a aparecerem na cena do crime. Eles encontraram uma bela moça, loira, com parte da cabeça dilacerada, o vestido vermelho, imundo, rasgado e deixando a mostra partes intimas do corpo dela.
Christine pegou arma do crime que foras abandonada, e disse a seu parceiro:
__É, o desgraçado abusou dela, e acidentalmente atirou contra a cabeça da moça. E em seguida fugiu, abandoando a arma.
Otavio pegou a bolsa da moça, abriu e disse:
__É mesmo, ele deve ter ficado tão desesperado, que nem ao menos lembrou de levar a bolsa da moça. Que tá recheada de dinheiro, e cartões de créditos sem limites...
__Qual o nome dela?__perguntou Christine.
__É, Madalena Silvester.
__Silvester!__exclamou Christine.__Esse nome não é do já, falecido, dona daquela multinacional lá do centro?
__Sim, e ela é a falecida filha, do falecido, dono daquela multinacional.

No dia seguinte, Rodolfo acordou com a campainha tocando insistentemente, ele colocou um roupão de seda vermelha com desenhos indecifráveis em dourado, por cima do pijama, quando ele atendeu, eram dois homens de farda.
__O que ouve?__perguntou ele, seguro de si.
__Sinto-lhe informar, senhor, mas sua esposa...__o policial nem acabou de falar, e o homem já perguntou desesperado.
__O que ouve, com a minha esposa?
__Ela foi encontrada, morta, em um ponto de ônibus...
Rodolfo não permitiu que o homem terminasse, e caiu em prantos, ajoelhou-se sobre o carpete caro de sua sala... o policial ficou penalizado com a cena, em ver um homem extremante apaixonado, recebendo a noticia de que seu grande amor, veio a falecer.
Feliz com o nascimento da filha, Charles pediu licença do trabalho antecipadamente, e por isso ficou sabendo do falecimento da amante, um mês depois.
Ele quis se matar culpando-se pela morte dela, ter ocorrido por ele não ter comparecido ao encontro, mas sua filha, recém nascida lhe deu forças para sobreviver.

No mesmo ponto onde ocorreu aquela tragédia, a meia noite uma linda loira de vermelho sempre está a espera, a espera de um ônibus que nunca virá...

O Doce Olhar


Aquela moça sempre me encarava, eu não sabia o porque daquela perseguição com o olhar, mas sabia que estava sendo constantemente seguido por aqueles lindos olhos azuis.
Nunca tive coragem de encara-la por muito tempo, porque, uma energia estranha parecia percorre meu corpo...
Eu estudava a noite na época...
O primeiro, contato que tive com ela, foi em um dia de provão...
Eu estava ciente de que haveria lápis para comprar pelas redondezas, mas dei de cara contra a parede, o lugar que eu achava que estaria aberto, estava fechado, e o único lugar que poderia ter, estava com o produto em falta.
Quando estava saindo da lojinha, dei de cara com a garota dos olhos azuis, então a abordei no meio da rua e perguntei.
__Desculpe te incomodar, mas você sabe, onde vende lápis?
__Não há nessa lojinha?__ela me respondeu com outra pergunta.
Encarei pela primeira vez, sem medo, os olhos dela, como estava mais próxima dela, não senti aquele arrepio estranho...
__Não, eu já entrei ai... e acabou o lápis.
Ela me encarou pela primeira vez, mas não disse nada, ela entrou direto no estabelecimento, pensei que ela estive-se ignorado o que eu disse, então segui rumo a entrada do colégio, de repente me deparei com a voz dela me chamando, ela fingiu que não sabia meu nome, mas eu tinha certeza de que ela o sabia.
__Garoto, garoto!__gritava ela.
Parei e esperei ela se aproximar de mim.
__Por que você foi embora?__perguntou ela.
__Oras, você não disse mais nada, e entrou na loja... pensei que você estava me ignorando.
Ela sorriu, por de trás daqueles lábios rubros, dentes de um branco perolado se exibiu. Fiquei deslumbrado com aquele sorriso, pois a garota a minha frente, raramente fazia a ação de esboçar um sorriso.
__Por que você sorriu?__percebendo a pergunta que deixei escapar de minha boca, tentei remendar__ Quer dizer, você não estava me ignorando?
Ela continuou sorrindo e respondeu. Aliás, ela respondeu as duas perguntas a proposital e a acidental.
__Primeiro: eu estou sorrindo por você ser uma pessoa muito simpática, e ao mesmo tempo atrapalhada com as palavras. Segundo: eu fui verificar se ele realmente estava falando a verdade, e acredite, ele estava falando a verdade sim. E terceiro e ultimo: eu nunca iria te ignorar.
Ela falou o terceiro com tanta paixão, que cheguei a me arrepiar...
Ela que tinha apenas um lápis, o quebrou no meio, dividindo em duas partes iguais, uma parte ficou com ela, e a outra ela entregou a mim...
Ficamos conversando por um bom tempo antes que a prova iniciasse, descobri que além
de linda, ela era muito inteligente. Não descrevi suas características ainda, então vou descreve-las.
Ela tinha os olhos azuis, sei que já foi citado, mas o azul de seus olhos, era como se estivesse olhando para o céu, cheio de estrelas.
A sim, seu nome era Camilla.
Seus cabelos eram negros como a mais profunda escuridão da noite.
Sua pele, era branca, pálida.
Seus lábios, rubros feito sangue.
Os traços de seu rosto de um contorno delicado, quase angelical.
Ela sempre usava negro... roupas góticas; já se era possível perceber o que ela era pela roupa, mas conversando com ela, eu pude tirar minha duvidas, e chegar a conclusões melhores a seu respeito.
__...sim, o vampirismo é a essência, é uma fuga para nossas almas perturbadas. Nos temos toda aquela ilusão... aquele desejo de sermos imortais, que acabamos colocando tudo isso em forma de entidades, de personagens criados a partir dessa vontade avassaladora.__dizia ela, em uma conversa de rodinha de amigos, que no qual, eu estava incluído.
Fizemos a prova, e o irônico foi que eu fiquei na mesma sala que ela, e praticamente ao seu lado. As matérias mais difíceis, pareceram fáceis para mim, seria a sintonia entre nos dois?

Quando cheguei em casa, eu não queria mais nada além da minha cama. Tive sonhos estranhos, horríveis, e eróticos, o pior é que foi com a minha nova amiga Camilla.

No outro dia, quando cheguei no colégio, recebi a noticia de que o dono da loja que eu entrei na noite passada, tinha sido atacado por algum animal, que no qual o matou.
Não vi minha nova amiga misteriosa naquela noite, mas em compensação não conseguia tira-la de minha mente, por dois motivos, a deliciosa conversa entre amigos, e os estranhos sonhos da noite passada.
As semanas foram se passando, e senti falta da presença de Camilla. E minha namora, Michele, já estava se preocupando com o meu estado, ela percebeu que eu sempre esperava alguém chegar, mas ela não sabia quem... Se ela soubesse...
Sempre que ela me perguntava o que estava havendo, eu respondia que nada... Mas ela continuou preocupada, e desconfiada de mim.

Espero que este relato de diário, nunca chegue a mãos erradas, as mãos de minha amada namorada, mas tenho que desabafar. Relatar esse acontecimento sinistro, e ao mesmo tempo erótico de minha vida.

Estava só no vestiário, apenas enrolado a uma tolha branca, da cintura para baixo, e de frente ao espelho, que meio embaçado estava, passei a mão no vidro para desembuça-lo, continuei a me apreciar nele.
Estava olhando para o espelho, quando senti uma mão delicada e gelada percorrer meu ombro nu e úmido. Seguido de uma voz doce e feminina que reconheci.
__Que ombros fortes, você tem.__eu sabia que aquela voz era de Camilla, mas a coisa mais assustadora não foi nem o que ela me disse... quer dizer, também, mas eu não podia
ver seu reflexo no espelho, a minha frente, e também não podia sentir sua respiração próxima a mim.
Vi suas mãos brancas percorrerem o meu braço, aquele esmalte preto...
Não me virei bruscamente como queria; por que não tinha pleno controle de meu ser. Ela passava a língua em minha nuca, minha mente não queria aquilo, mas meu corpo sim. Meu
corpo queimava de desejo pelo mais profano toque daquelas delicadas e frias mãos...
Eu sabia, de alguma forma eu sabia o que minha amiga era... uma vampira...
__Cláudio!__ela exclamou, alto meu nome.__finalmente eu consegui possui-lo, finalmente depois de tantas tentativas de sedução, que não deram certo... sua mente é impenetrável. Mas agora descobri o porque.
Com a voz fraca eu perguntei.
__Por que, explique-me.
Ela me soltou, e me virou bruscamente para ela. Frente-a-frente ela explicou ajoelhada aos meus pés.
__É porque, você me ama da mesma forma que eu o amo.
Agora eu podia ver seus caninos pontiagudos, e a paixão que queimava em seus olhos, estava mais nítida do que nunca.
__Eu não gosto, eu não posso gostar de um ser...
__Mas você gosta, Cláudio. Eu sinto, agora que posso toca-lo.
Ela colocou suas mãos cadavéricas, sobre meu peito, e sentiu a intensidade do bater de meu coração.
Quando ela olhou nos meus olhos, eu desviei o olhar, para os seus lábios vermelhos como sangue, e numa única sintonia, lentamente nossos lábios foram aproximando-se.
Aquele beijo foi sinistro, a língua dela era gelada, os lábios nem se fala... Quando dei por mim, os lábios dela, já estavam percorrendo todo meu corpo.

Agora nós dois éramos um só, um só corpo ardendo de desejo. E foi nesse momento que fiz meu pedido.
__Torne-me imortal, minha amada vampira... amiga e amante.
Olhando no fundo de meus olhos cor de folha-seca, ela perguntou.
__Você tem certeza? Uma mordida... quero dizer, uma vez que eu te der o beijo-mortal, você nunca mais será o mesmo.
__Torne-me imortal, assim, jamais nos separaremos...
Ela analisou bem o local do beijo, para me distrair da dor que eu sentiria logo em seguida, ela lambeu meu pescoço, para me distrair, e sem seguida cravar seus dentes majestosos, em minha jugular. Meu corpo tremia em seus braços, que me segurava com firmeza...

Vi minha vida, passar toda diante de meus olhos, como se fosse um vídeo caseiro... a dor foi tão intensa, que acabou se tornando em prazer absoluto no final.

Acordei dias depois.
Vi-me coberto da cabeça aos pés, quando tirei o lençol de cima de mim, o joguei no chão...
Quando me levantei, me senti fraco, e o meu único desejo era de sangue, agora olhando
melhor a escuridão ao meu redor, pude ver que aquele lugar não era o meu quarto, não era o
colégio, deduzi logo que aquilo era um necrotério.
Pensei bem naquele raciocínio maluco, eu cataléptico, ou Camilla tinha me tornado um vampiro como ela.
Vi vários corpos ao meu lado, foi olhando para eles, que me toquei, que eu podia enxergar
no escuro. Eu não estava assustado, pelo contrario, sentia-me glorioso.

Quando meus pés enfim tocaram o chão, minhas pernas fraquejaram, cai no chão e acabei derrubando os materiais cirúrgicos que se encontravam ao meu lado.
O vigia do necrotério entrou iluminando o ambiente com sua lanterna. Escondi-me atrás da porta, quando ele se abaixou para examinar melhor o meu estrago, eu o ataquei, mas antes de degustar de seu sangue, eu o matei, quebrei o seu pescoço e bebi seu sangue.
Antes de quebrar seu pescoço, ele se debateu um pouco, mas fez muito barulho chamando a atenção dos outros seguranças. Uma luz iluminou meu rosto, de minha boca escorria um filete de sangue do homem morto, os seguranças aterrorizados com a cena, atiraram em mim...
Eu corri até a janela, quebrei o vidro e me joguei do décimo primeiro andar do hospital. Cai ajoelhado, descobri que estava ajoelhado diante de alguém, quando olhei para cima, vi o rosto angelical de minha amada, Camilla, que me fitava com seus olhos azuis cor do céu, e sorria para mim, exibindo atrás daqueles lábios rubros, seus dentes brancos cintilantes com caninos afilados.
Peguei sua mão, agora igualmente frias, ela me levantou...
__Seja bem vindo, a sua nova vida sem fim, meu amado Cláudio.__disse ela, com a mesma doçura de sempre na voz.
Encarando-a nos olhos, eu perguntei.
__Como posso agradece-la, minha amada Camilla?
Nossos lábios estavam próximos, então ela respondeu.
__Beije-me!
Aquele beijo foi intenso, o gosto do sangue que estava em minha boca, deixou ele melhor...

Agora, eu sou quem desperta paixões proibidas nas pessoas...

Aquele rapaz sempre me encarava, eu não sabia o porque daquela perseguição com o olhar, mas sabia que estava sendo constantemente seguida, por aqueles olhos cor de folha...