
Um Landau 1980 preto, deslizava pela pista molhada, na via principal, seguindo rumo a entrada da cidade de Trinnity.
__Já estamos na via principal, só mais alguns quilômetros e chegaremos.__disse a moça branca de longos cabelos negros, que tinha uma franja a cair nos olhos cor de turquesa.
O homem negro, que guiava o carro disse olhando para ela, por cima dos óculos escuros.
__Sim, nós já estamos chegando. Sinto que você está ansiosa.
Sem olhar para Mike, Ramona sorriu, e pegou uma pistola dentro do porta luvas do carro. Ela começou a verificar a arma, para ver se estava tudo nos conformes.
__Você acha mesmo que essa cidade é amaldiçoada, como dizem?__perguntou Mike, com o olhar fixado no retrovisor.
Ramona levantou os olhos da arma, e olhou para o retrovisor, como Mike havia feito. E vendo a pista molhada, e a placa de “bem vindo à cidade de Trinnity, população 167.626.009”, ela respondeu.
__A primeira vista não, mas ainda estamos na entrada da cidade. O centro é que deve ser mais imundo, infestado de sanguessugas.
Após dizer isso, ela destravou sua pistola, e mirou para o lado de fora do carro. Quando Mike viu aquela cena, ele disse, pacificamente.
__Ramona, é melhor você não chamar tanta atenção.
Ramona riu e colocou a pistola de volta no porta luvas.
__Você tem medo que tentem nos queimar vivos, como na penúltima cidade em que passamos?
__Não, senhora adrenalina a mil! Eu apenas quero preservar a minha cabeça, acima dos ombros.
Ramona não disse nada, ela apenas colocou seus óculos escuros e apontou um local para Mike.
Mike estacionou o carro, em frente a um barzinho de beira de estrada, onde ele parou para pedir informação, sobre onde ficava a paróquia de padre Thomas.
Ramona foi quem saiu do carro, para perguntar, e aproveitar para comprar umas cervejas para os dois.
O dono do bar, que era uma figura de aparência e modos asquerosos, respondeu que ficava no centro da cidade. Após responder, ele cuspiu o fumo que mascava, e deu uma boa olhada na jovem a sua frente.
Ramona era uma bela moça, um e setenta de altura, uns cinquenta e tantos quilos, muito bem distribuídos, longos cabelos negros e lisos, e sua pele parecia ser de porcelana de tão branca, isso lhe dava um ar meio tétrico, mas era o realce de sua beleza.
Ela tirou um isqueiro e um maço de cigarros de dentro do bolso, da jaqueta de couro preta que usava, e após acender e dar uma boa tragada no cigarro, ela pediu uma caixa de cervejas para o homem, que se levantou.
Depois de cuspir mais uma vez, ele perguntou.
__O que uma moça, como você, que podia está cuidando de filhos e marido, está fazendo em uma cidade maldita, como essa?
Ramona olhou na direção do carro, abaixou os óculos até o centro do nariz, e respondeu com presa e arrogância, se voltando para o homem.
__Não é da sua conta. E onde estão as minhas cervejas.
O homem foi para trás do balcão, e colocou um engradado de cerveja na frente da moça, que apenas pegou as garrafas, e colocou uma nota de valor alto, no lugar da caixa, e se retirou do estabelecimento.
De repente ela parou se voltou para o homem e perguntou:
__Onde fica o banheiro? Se é que há algum nesse lugar.
Ele cuspiu mais uma vez, e respondeu apenas apontando uma porta, com seu polegar imundo.
Ela voltou para o estabelecimento, deixou o engradado de volta no balcão, e entrou no banheiro. Aquele banheiro era nojento...
Mike mudava de estação de radio, a procura de alguma com algo interessante passando, mas infelizmente nada. Ele já estava começando a estranhar a demora da parceira, então ele resolveu ir até lá.
Quando o homem saiu, a sua altura foi revelada, ele era um homem negro, como já se foi citado, quase um e noventa de altura, e oitenta e oito quilos, muito bem distribuídos entres seus fartos músculos, escondidos pela pesada roupa de couro negra que ele usava.
Ele tirou os óculos, dobrou as pernas, e os guardou em seu bolso, em seguida alisou seu cavanhaque, muito bem feito...
O dono do bar, achava que Ramona estava só. Então ele resolveu espiar pelo o buraco da fechadura, da porta do banheiro, que Ramona estava.
Vendo aquela cena grotesca, Mike, não pensou duas vezes. Ele pegou o homem pelo colarinho e o jogou longe, Mike o jogou com tanta força, que a mesa que o homem caiu por cima se quebrou. Ramona ouvindo aquele escarcéu, abriu a porta do banheiro já com suas pistolas engatilhadas em mãos.
Quando ela viu o homem caído no chão, e Mike com seu revolver direcionado pra cabeça do cara, ela perguntou.
__O que ouve?
__Esse filho da mãe, estava te espionando.__respondeu Mike, enfurecido.
Ramona guardou suas armas, se aproximou do balcão calmamente, pegou o engradado e disse.
__Obrigada, por sempre ser atencioso comigo, Mike. Mas ele não ia ver nada, porque esse banheiro, pelo o amor...
Ramona carregou as cervejas para o carro, e Mike, antes de seguir o mesmo rumo, deu um chute bem nas costelas do homem, que se contorceu todo de dor.
***
A detetive Christine Dark, da homicídios de Trinnity. Estava muito envolvido com o caso “vampiro”, então foi por essas e outras, que ela foi afastada de seu cargo.
Agora ela estava de corpo e alma, integrada em seu trabalho, quer dizer, em seu destino de ser, a caçadora de vampiros imortal.
Ela já havia vencido o obstáculo maior, que era Alex, aquele que lhe deu a sua herança genética vampiristica, o seu pai...
A noite já havia caído, e Christine estava no encalce de um vampiro, que ela estava de olho a algumas semanas...
O vampiro desesperado, correu até a rua, onde um Landau 1980 preto, que passava o atropelou...
Mike freou o carro com estrema violência, fazendo o pneu marcar o asfalto. Ramona que estava sem cinto de segurança, bateu a cabeça no painel a sua frente, mas não foi nada muito sério.
Christine saiu do meio da penumbra de um beco qualquer. E descarregou as suas duas armas empunhadas, na criatura que no qual ela estava perseguindo, ela gritou para os donos do Landau preto.
__Se abaixem!!!
Ramona colocou a mão na testa, para verificar se estava sangrando, mas não, tinha apenas sido uma leve pancada.
Mike não entendia o que estava acontecendo, e muito menos Ramona, que tomou, como sempre, uma radical decisão repentina.
Ela abriu a porta do carro, e rolou no asfalto, agora apenas úmido, e mirou suas duas calibre 38, na cabeça de Christine, que se encontrava agora encima do teto do carro.
Quando as balas do revolver da desconhecida, que estava encima do carro, atingiram a criatura que eles tinham atropelado, Mike viu que ela virara pó.
Ramona e Christine, agora se encaravam com fúria. Mike, que sabia o quão temperamental era sua amiga, resolveu intervir, antes que uma tragédia de verdade se abatesse sobre eles.
Antes de sair do carro, ele empunhou uma doze. Quando saiu, Mike viu que a desconhecida estava encima de seu carro, apontando suas armas para a sua amiga, que estava deitada no chão. Não vendo outra alternativa, ele apontou a arma na direção da moça, e disse.
__Abaixa essa arma, branquela.
Não tirando os olhos de Ramona, Christine disse.
__Abaixem vocês as suas. Pois eu apenas estava cumprindo com o meu dever, que não tem nada a ver com vocês.
Ramona se levantou, mas continuo com uma arma apontada para a cabeça de Christine, que agora já tinha abaixado as suas.
Mike também abaixou a sua doze, ele confiou na desconhecida, mas Ramona não.
__E qual seria o seu dever?__perguntou Ramona, séria.
Christine saltou de cima do carro, e respondeu batendo a poeira de seu uniforme de caçada.
__Você não entenderia. E abaixe essa arma, por favor. Eu não quero usar força bruta, contra uma mortal.
Ouvindo essas palavras, a moça destravou suas armas, e perguntou.
__Como assim mortal? Pó acaso você é, uma sanguessuga? Uma maldita vampira!
Christine sorriu diante dessas palavras, e respondeu.
__Sim e não. Agora abaixe essas armas, antes que eu tenha que usar força bruta contra você. E eu sei que você não querer ver esse seu rostinho de boneca de porcelana, marcado.
Ramona estava prestes a apertar o gatilho, e mandar uma bala entre os olhos da estranha, quando de repente Christine, com muita agilidade e rapidez, chutou as mãos de Ramona, assim fazendo as armas caírem no chão, e com mais agilidade ainda, ela imobilizou a moça, prendendo os braços dela para trás, e a deitando no chão.
Mike tentou proteger a amigar apontando sua doze na estranha, mas Christine já estava com a arma apontada para a cabeça dele.
***
__Agora me digam quem são vocês, e o que estão fazendo nessa cidade, armados dessa forma?__perguntou Christine, verificando o porta malas do carro deles.
Mike foi quem respondeu primeiro.
__Nós somos irmão, e estamos à procura da paróquia do padre Thomas.
Christine os olhou de forma interrogava. Ramona irritada disse, percebendo que a desconhecida achará estranho o fato deles serem irmãos. Pois ela era tão branca, e ele tão negro.
__O que foi? Nós não somos irmãos de verdade. É que nós fomos criados no mesmo orfanato.
__Mas eu não disse nada.__respondeu Christine confusa.__Apenas estou estranhando o fato de vocês estarem procurando pelo padre Thomas. Por acaso, vocês dois também são caçadores?
__Depende de que tipo de caçadores você se refere.__disse Mike, com indiferença.
__De vampiros!__exclamou Christine, após bater a porta, do porta malas do carro.
__Sim!__respondeu Ramona, ríspida.__E você, senhorita...
Entregando as armas para eles, ela respondeu.
__Sou Christine! Christine Darck.
Ambos ficaram boquiabertos com a resposta da moça.
Ramona franziu a testa, e examinou Christine da cabeça aos pés com o olhar, e perguntou incrédula.
__Você!? É “A caçadora”?
Christine apenas afirmou com um aceno positivo de cabeça.
***
Christine foi ensinando o caminho até a igreja para eles.
__Vocês estavam perdidos, não?__pergunta Christine, depois de algum tempo sentada no lugar pertencente a Ramona, no carro.
Mike ia responder, mas Ramona que estava sentada no banco de trás, responde com hostilidade.
__Não! Nós não estávamos perdidos. Nós dois nunca nos perdemos.
Christine dá uma breve risada, balança a cabeça, e se cala.
__Ramona, é melhor você não começar.__alertou Mike, que olhou para Christine e disse.__Desculpe minha amiga, Caçadora, é que ela é um pouco temperamental às vezes.
Christine olhou para o rosto de Ramona, pelo retrovisor, e perguntou para si mesma.
__Às vezes, será?
O Landau preto 1980, estacionou em frente a uma catedral, onde Christine lhes disse ser a paróquia de padre Thomas.
Christine entrou na igreja andando na frente, enquanto que os dois irmãos, a seguia.
Ramona deu uma cotovelada em Mike, quando percebeu que ele olhava, de uma forma indecente para a mulher à frente deles.
__Para de olhar pra bunda dessa, vadia.__disse Ramona, como sempre irritada.
Mike olhou para ela sorrindo e perguntou.
__Tá com ciúmes?
Christine tentava conter o riso, aquelas duas figuras eram muito engraçadas...
__Não, eu não tô com ciúmes de você. E logo de você. Sei que não temos nada a ver, mas para mim, isso chega a ser incestuoso.
Eles entraram na igreja, padre Thomas estava como sempre ajoelhado rezando, diante da cruz.
Após ele se benzer, ele disse se levantando vagarosamente.
__Ainda bem que vocês chegaram. Já estava achando que vocês não viriam.
Continua...



